Ventosa do Bairro

Um pouco de História

Resenha histórica

Perde-se, na penumbra dos tempos, a determinação precisa do aparecimento da povoação de Ventosa.
Ventosa do Bairro aparece referenciada, pela primeira vez, em documentos escritos, nos anos de 981 e 982, como pertencente ao mosteiro de Lorvão, por lhe ter sido doada (docs. N.ºs 133 e 136 do Livro de Testamentos).
Todavia, em 1064 – que foi o ano que as tropas de Fernando Magno, rei de Leão e  Castela, reconquistaram a cidade de Coimbra ao poderio muçulmano, que passou, assim, a ser novamente cristão -, no inventário incompleto que, nesse mesmo ano, foi elaborado dos bens do mosteiro da Vacariça, já a “villa” de Ventosa, bem como a “villa” de Arinhos (então designada por “Arinios”) e a “villa” de Antes (ao tempo chamada de “Eilantes”) nos aparecem como pertencentes àquele mosteiro.
O mosteiro da Vacariça, no ano de 1094, viria a ser doado à Sé de Coimbra, pelo Conde D. Raimundo e sua mulher, D. Urraca, que era filho do rei D. Afonso VI, imperador das Espanhas, os quais, por determinação deste monarca, eram os governadores de toda terra da faixa ocidental do reino de Leão (que vinha da Galiza, inclusive, até Lisboa). Assim, encontrando-se aqueles senhores do Condado Portucalense, nesse ano, presentes em Coimbra, com o fundamento nas grandes carências económicas que a Sé sofria naquela época, fizeram a esta, na pessoa do seu Bispo, D. Crescónio, doação do mosteiro de S. Salvador e S. Vicente da vacariçae de todos os bens e direitos a ele pertencentes, nos quais se incluíam as “villae”de Ventosa, Arinhos e Antes (Livro preto, nº 73, a fls. 36). Este mosteiro, a partir dessa altura, não mais viria a ser reconstituído, contrariamente ao que sucedeu com o mosteiro de Lorvão que, embora tendo sido também doado, no ano de 1096, à mesma Sé de Coimbra, pelo Conde D. Henrique e sua mulher D. Teresa (pais de D. Afonso Henrique), vinte anos depois, ou seja, em 1116, voltou a ser restaurado, tendo perdurado até ao século XIX.
Assim, os lugares hoje pertencentes à freguesia de Ventosa mantiveram-se sob o domínio senhorial da Sé de Coimbra – embora alguns bens houvesse desses lugares que passaram a pertencer ao mosteiro de Santa Cruz de Coimbra – desde 1094 até à reforma administrativa de Mousinho da Silveira. Este, por decreto de 13 de Agosto de 1832, determinou que as doações dos chamados Bens da Coroa ou de direitos reais se considerassem revogadas, ficando imediatamente extintos todos os direitos, foros e pensões, impostos pelos respectivos donatários ou por forais, bem como os encargos a natureza provenientes de contratos de emprazamento, ainda quando se fundassem em doação régia, foral, sentença ou posse imemorial ou qualquer título, mesmo não especificado. A publicação deste diploma significou o final do regime senhoril e a instituição da propriedade livre, a favor dos lavradores, de muitos dos senhorial e a instituição da propriedade livre, a favor dos lavradores, de muitos dos antigos bens pertencentes ao mosteiro da Vacariça, entre os quais os de Ventosa.

 

Topónimo

“Villa” de Ventosa (“villae” era a designação que era dada pelos romanos às unidades territoriais, de limites variáveis, com a população agrupada em pequenas aldeias, à volta de grandes propriedades rurais, e que perduraram séculos, agregadas, mais tarde, à construção de igrejas locais, onde a comunidade ia prestar culto a Deus) aparece referenciada, pela primeira vez, em documentos escritos, nos anos de 981 e 982, como pertencente ao mosteiro de Lorvão, por lhe ter sido doada (docs. N.ºs 133 e 136 do Livro de Testamentos).
Todavia, em 1064 – que foi o ano que as tropas de Fernando Magno, rei de Leão e Castela, reconquistaram a cidade de Coimbra ao poderio muçulmano, que passou, assim, a ser novamente cristão -, no inventário incompleto que, nesse mesmo ano, foi elaborado dos bens do mosteiro da Vacariça, já a “villa” de Ventosa, bem como a “villa” de Arinhos (então designada por “Arinios”) e a “villa” de Antes (ao tempo chamada de “Eilantes”) nos aparecem como pertencentes àquele mosteiro.

 

Mais informação

Arqueologia

Há indícios históricos da região, que hoje constitui a área da sua freguesia, ser já povoada, mesmo antes da romanização, como o comprovam as diversas pontas da setas e de fragmentos de faca em siléx e “coups de poit” (machados pré-históricos em pedra azul escura) que há muitos anos vêm sendo encontrados nos seus arredores, mais concretamente nos lugares “Chãs” e do “Pinhalito”. Que era Já habitada no tempo da romanização é uma certeza atestada pelos vestígios de ossadas humanas e de vários fragmentos de olaria encontrados, em 1945, junto do lugar de Barregão, e da descoberta de um verdadeiro cemitério, cerca de 1940 ou 1941, na encosta do Corvão, perto de Arinhos, e de vários fragmentos de “tégula” (telha romana) que revestiam parte das suas sepulturas.

Lugar de Ventosa do Bairro

Povoação muito antiga é, há vários séculos, sede de freguesia.
A igreja de Santa Maria de ventosa já existia no século XI. Foi parcialmente destruída pelo terramoto de 1755, sendo mais tarde restaurada sofrendo várias modificações que são ainda notórias na torre do sino. No seu interior, além das imagens de Nossa Senhora da Assunção e de S. Sebastião (bastante antigas) são ainda de realçar o púlpito do século XVII em pedra, de uma beleza escultórica notável e a pia baptismal em estilo renascentista circunda por lages de pedra onde o tempo deixou as suas marcas.
De natureza religiosa há ainda a capela de S. José, a capela dos Navegas em evocação de Senhora do Livramento e dois cruzeiros de origem incerta, restaurados recentemente.
De épocas passadas chegou até aos nossos dias uma casa de cariz senhorial, desde o século passado pertença da família Navega e que remota ao século XVII tal como o indica a data inscrita no portal da capela (1698). Esta casa está actualmente convertida em unidade de “Turismo de Habitação”
Quase de fonte de referida casa há um freixo secular que, em boa hora, após eficaz limpeza das velhas ramagens, apresenta-se hoje remoçado a prometer durar ainda longos anos. É contudo, necessária a sua classificação junto das entidades competentes para o salvar da ameaça que tem pairado sobre ele: o assassino derrube.
Aqui houve um grande moinho de águas e outro de vento cujas ruínas ainda são visíveis na denominada “Quinta dos Saldanhas”. Há também um lagar de azeite, praticamente inactivo, pois a produção do precioso alimento, outrora abundante, é hoje bastante diminuta. Há ainda uma fonte velhinha hoje bastante desvirtuada.
Como sede de freguesia e localidade com maior número d habitantes aqui sempre se notaram alguns sinais de maior desenvolvimento. Foi a primeira terra de freguesia onde houve cafés o primeiro local onde uma televisão foi posta à disponibilidade do público que ali acorria para ver os filmes da Amália Rodrigues, do Vasco Santana ou acontecimentos como a chegada do resgatado navio “Santa Maria”…
Eram famosos e muito frequentados os bailes no “Salão do Padeiro” que, durante várias gerações, foram o único local de diversão semanal para rapazes e raparigas.
Mas a romaria de S. José e a festa de Agosto eram outras festividades que atraíam multidões.
A actividade da sua população é a mais diversificada de toda a freguesia, havendo muito que se dedicam à agricultura, outros ao comércio e industria, construção civil, restauração de serviços.
Existe uma Escola do 1.º Ciclo do Ensino Básico, um Jardim-de-Infância, um Centro de Dia para a terceira idade onde funciona um A.T.L. e o edifício da junta de Freguesia que divide instalações com o Centro de Saúde.
Recentemente foi construído um moderno restaurante cujo prato por excelência não podia ser o outro que não o famoso “Leitão à Bairrada”.
No Largo do Areal foi construído um “monumento ao trabalho da pedra” em 1998.

Lugar de Arinhos

Teve o seu começo numa “vila rústica” romana, sendo o lugar atravessado por uma via romana que ligava “Vila Boa” a Arinhos, bifurcando-se no chamado “Lugar da Rua” para a Póvoa do Garção e Barregão. Nesse local da bifurcação existiu até há poucos anos umas “alminhas” que o tempo e a incúria dos homens deixaram perder.
A actividade por excelência do seu povo tem sido a agricultura sendo os seus terrenos dos mais férteis e abundantes em água.
A população mais jovem dedica-se hoje à construção civil e ao trabalho em indústrias da região enquanto os outros continuam a ocupar as suas energias na agricultura.
O lugar tem conhecido algum desenvolvimento visível no aparecimento de um café e sala de jogos e na construção de várias moradias de assinalável qualidade.
O Padroeiro do lugar é S. Martinho, festejado a onze de Novembro, tendo uma capela e ele dedicada, edificada no início dos anos sessenta no local onde outras existiram. Há testemunhos documentais que em 1064 já ali existia uma e em 1870 há notícias de um seu restauro.
Perto da capela havia um freixo secular que notícias do século XVIII referem a sua existência “do tempo de D. Afonso Henriques”. Há ainda muitas pessoas que se lembram do velho freixo em cujo tronco, carcomido pelo tempo, se refugiavam os miúdos quando a chuva os surpreendia nas suas brincadeiras. O terrível ciclone de 1941 derrubou a árvore velhinha bem como a capela.
No seu local ficaram as silvas crescendo até que o pároco Manuel de Almeida, ao dinamizar toda a população, conseguiu a sua reedificação. Quanto ao freixo, foi penosamente cortado o que dele restava e, durante largos meses foi alimento da fogueira de alguns moradores, dele ficando apenas a memória. Inaugurada a capela em 19 de Maio de 1963, pouco tempo depois um pequeno freixo brotava da terra com enorme firmeza ao qual se veio juntar um outro a muito pouco metros de distancia. O povo, incrédulo, atribuiu aquele facto a um milagre de S. Martinho, agradecido por de novo habitar a capela. Hoje dois freixos frondosos alindam o local dando sombra bem-vinda nos dias de verão.
Há no interior da dita capela duas imagens de S. Martinho, uma conhecida como “S. Martinho Velho” em pedra de Anca, obra da Escola de Coimbra do Século XV, a outra também de pedra é de época posterior. A imagem mais antiga foi encontrada durante o derrube das velhas pedras após o desastre de 1941, havendo ela a memória mas desconhecendo-se até então o seu paradeiro. Porque fora tão bem escondida a imagem do santo? Provavelmente, após a batalha de Buçaco em 1810, quando os saldados de Napoleão vagueavam pela região roubando e profanando as igrejas, algum devoto a escondera salvando a imagem do padroeiro mas não a sua própria vida e o segredo levara-o com ele.
Digno de registo, há ainda neste lugar uma fonte de chafurdo à qual o povo chama a “fonte velha”, a precisar de reparo e conservação urgentes.

Lugar de Barregão

Igualmente com origem numa vila rústica romana, é o lugar menos povoado da freguesia. A isto não será alheio o facto da grande maioria das suas terras cultiváveis terem pertencido até há pouco tempo a duas famílias: os Pinto da Póvoa do Garção e os Albuquerques, senhores da Ínsua e da Quinta de horta.
Tendo o rio de Ventosa como vizinho, teve este lugar em funcionamento vários moinhos que abasteciam de farinha os lugares mais próximos até há pouco menos de quarenta anos.
Nos últimos tempos, graças à emigração, conheceu esta povoação um certo desenvolvimento que é patente na existência de algumas novas moradias e um acréscimo da sua população.
Há aqui uma capela dedicada a Nossa Senhora da Esperança ou da Expectação, havendo dela memória documental já em meados do século XVIII. Foi resconstruída por D. Luiz Albuquerque em 1945, conforme lápide, ali existente e também recentemente graças à “Comissão de Melhoramento da Freguesia de Ventosa do Bairro”. A imagem da Santa é do Século XVII em pedra, de tamanho considerável (face as dimensões exíguas da capela) e com aspecto de ingenuidade tocante.

Lugar de Póvoa do Garção

Inicialmente foi também uma vila romana a denominada “Villa Garcioni” mas como o seu actual nome indica foi fruto de um repovoamento entre os séculos XI e XIV.
Sendo a terra mais periférica de toda a freguesia, esteve isolada até há pouco tempo já que o caminho que seguia para o Casal do Bolho era intransitável no Inverno por qualquer via de transporte e o resto do ano só carros de boi ou a pé alguém se aventurava por ali.
Há pouco mais de dez anos, esforços conjuntos da Câmara da Mealhada e de Cantanhede resultaram na beneficiação e construção do caminho que, seguindo praticamente o antigo traçado, permitiu comunicações fáceis entre lugares que distavam escassos quilómetros. A paisagem que se observa no percurso entre a Póvoa e o Casal do Bolho é digna de registo em qualquer época do ano.
Foi dos lugares mais escassamente povoados da nossa freguesia pois as suas terras pertenciam à família Pinto que ali residia no perímetro circundante da capela de Santa Luzia sendo os outros moradores criados ou moços de lavoura desta família. Com o decorrer dos anos alguns ali se fixaram e, nos últimos tempos, também a povoação cresceu, alindou-se. Hoje já ali há um café, supermercado e sala de jogos com boas instalações que atraem a população local e muitos forasteiros.
Possui este lugar o conjunto arquitectónico mais harmonioso e grandioso de toda a freguesia existindo ainda três capelas. Além da já referida de Sta. Luzia há a do Senhor dos Aflitos e de Nossa Senhora da boa Memória.
A padroeira é Santa Luzia, cuja festividade se celebra a 13 de Dezembro, sendo famosa e muito concorrida a romaria à qual acodem muitas pessoas em cumprimento de promessas. É digno de nota o tesouro da santa composto por varias peças de ouro, oferecidas ao longo dos tempos como recompensa por graças recebidas e são ostentadas pela imagem sacra aquando da festa e procissão.
A imagem do “Senhor dos Aflitos” foi executada por Álvaro Cerveira Pinto no início deste século. Este jovem e promissor artista privou com o Rei D. Carlos, também ele grande artista, e que o incentivou a prosseguir uma carreira de artes em Paris. Tal não se veio a concretizar porque a morte ceifou-lhe a vida precocemente.
A semelhança de Ventosa, Arinhos e Barregão, a população da Póvoa da Garção dedica-se à agricultura, construção civil e industria.
Há nesta povoação uma Escola do 1.º Ciclo do Ensino Básico e um Jardim-de-Infância que serve as crianças deste lugar e as de Arinhos.

Evolução Religiosa

Depois de 982, Ventosa passou a ser referenciada em documentos escritos, em 1092 (Livro Preto, n.º 85), agora já com a indicação da sua igreja de Santa Maria, que é, assim, uma das mais antigas do actual concelho da Mealhada, o que comprova que, já nessa época, era uma das povoações com algum passado e preponderância, com a sua população congregada à volta de uma instituição eclesiástica. E foi à volta desta instituição religiosa que o lugar e sua população cresceram, primeiro, sob a invocação de Nossa Senhora e, mais tarde, de Nossa Senhora da Assunção, que é hoje a padroeira da freguesia, com festa que se realiza, todos os anos, no dia 15 de Agosto. A sua paróquia, desde cedo, foi religiosamente assistida, alternadamente, pela Sé Apostólica, pelo Bispo de Diocese e pelo Prior de S. Salvador de Coimbra, ou seja, cada uma dessas instituições apresentava pároco durante quatro meses por ano.
Em 1320, a paróquia da igreja de Ventosa era economicamente das mais ricas daquelas que hoje constituem o concelho da Mealhada, apenas estando à sua frente a da Vacariça, a de Casal Comba e a de Barcouço.
Todos os lugares que fizeram ou hoje fazem parte da freguesia cresceram, desde a Idade Média ou desde a sua fundação, sob a invocação de um santo tutelar: Ventosa, como vimos, primeiro sob a invocação de Santa Maria e hoje, Nossa Senhora da Assunção; a Antes, sob a invocação de S. Félix e, a partir do séc. XVIII, sob a protecção de S. Pedro, que hoje é festejado naquele lugar na 3.ª semana de Agosto; Arinhos, deste sempre, sob a invocação de S. Martinho, Bispo, que ali é festejado no Domingo a seguir ao dia 11 de Novembro; Póvoa do Garção, sob a invocação de Santa Luzia, que ali é festejada no Domingo seguinte ao dia 13 de Dezembro, e Barregão sob a invocação de Nossa Senhora da Expectação, que ali é festejada irregularmente dada a pequena dimensão da povoação.
A igreja de Ventosa, tal-qualmente sucedeu com várias casas da povoação, foi parcialmente destruída pelo terramoto de 1755 e restaurada nos anos posteriores até 1972, que é a data ainda hoje indicada no seu pórtico principal, que também contém, desde essa época, a seguinte inscrição latina: “PULSATE ET APERIETUR VOBIS” (“Batei e ela se abrirá para vós”). A altura do seu campanário foi, também, por esse tempo, aumentada de mais alguns metros, conforme facilmente se alcança dos vestígios ainda ali existentes. No ano de 1928 a igreja sofreu substancial alteração, sendo-lhe adicionado o coro. No início da década de 1940 (1942? 1943?), voltou a ser parcialmente danificada através de um raio caído sobre a torre (fez um buraco no patamar, danificou o relógio que se encontrava na torre, a pia baptismal, arrombou o muro do Passal em frente e enfiou-se na terra).
Na década de 1950 (1954, segundo inscrição nos sinos), durante a presidência da Junta de Freguesia de Manuel Guerra, foi a referida torre beneficiada com a instalação de um relógio, adquirido por subscrição da população da freguesia, que ainda hoje se encontra em funcionamento. Também os 3 sinos, colocados novos pela Fundição de Sinos de Braga (actualmente com o nome Serafim Da Silva Jerónimo & Filhos, Lda.) de modo a que o seu bater coincidisse em perfeição com o bater das horas do relógio novo, e que vieram substituir os velhos, deitados abaixo nesse mesmo dia pelo Sr. Amado (já Sacristão na altura). Em meados da mesma década, foi construída, para a residência paroquial e sob o impulso do então pároco da freguesia, Padre Manuel de Almeida, uma casa própria junto da Capela de S. José, com dinheiro da população de toda a paróquia (constituída pelas extintas freguesias administrativas de Ventosa e da Antes).
A igreja tem, no seu interior, um púlpito do séc. XVIII, constituído em pedra calcária de relevante beleza escultórica, e uma pia baptismal do séc. XVI, em estilo renascentista, decorada com grinaldas, na taça e no pé. E circundada por lajes de pedra onde se notam já algumas marcas corrosiva do tempo. A imagem mais antiga da igreja é, sem dúvida, a da Virgem com o Menino, do séc. XV e a de S. Sebastião, já referenciada em documento de 1758, cuja festa se realiza todos os anos no terceiro Domingo de Janeiro, sendo as restantes de data muito recente, quase todas adquiridas nas décadas de 1950 ou 1960, pela benemérita Albertina Ferreira Coelho.
Na sede da freguesia, existe ainda uma casa do séc. XVII, que é a Casa da Quinta do Carvalhinho, que tem anexa uma capela. Diz a tradição popular e documento do séc. XVIII que esta casa, de rés-do-chão e primeiro andar, seria a reconstrução de uma outra que no séc. XVI, se encontrava em ruínas e teria sido a residência do único fidalgo ligado à corte que teria vivido na área do concelho hoje da Mealhada, chamado D. Pedro Quadros, que se supões ser descendente de Aires Gomes Quadros que, no séc. XV, exerceu o ofício de escrivão dos Coutos de Aveiro e que foi vedor da Fazenda do rei D. Afonso V, ou de Vasco Quadros, que foi moço de câmara da rainha D. Leonor, mulher de D. Duarte, e partidário do Infante D. Pedro, pelo que foi agraciado com uma carta de perdão pelo mesmo rei D. Afonso V. Trata-se da melhor casa antiga actualmente existente no concelho da Mealhada, pertencente ao Eng.º Afonso Navega, que a herdou dos seus familiares e que, além de servir como residência própria, a transformou em unidade de turismo de habitação e a quinta onde está erigida num dos locais de produção dos melhores vinhos da Bairrada.
A Capela anexa situa-se no lado poente da casa e a sua porta de entrada do exterior tem um friso e cornija, onde consta a data de 1693, e a seguinte inscrição em latim: “BEATA MATER & INTACTA VIRGO GLORIOSA REGINA MUNDI INTERCEDE PRO NOBIS AD DEUM” (“Ditosa mãe e rainha do mundo, casta, virgem e gloriosa, intercedei por nós junto de Deus”). Do lado poente a esta casa, existe uma outra, de rés-do-chão e de arquitectura muito sóbria, que se diz ter sido uma antiga residência de Bispo, na qual consta uma inscrição de 1663 (hoje propriedade do sr. Manuel Mendes). Além desta capela da Quinta do Carvalhinho, existia uma outra, em 1758, de N.ª Sra. Do Pilar, contígua à casa do capitão Luís da Costa e Azambuja, de que actualmente não resta qualquer vestígio. Entretanto, em 1926, foi construída ainda outra em Ventosa, sem grande valor arquitectónico, erigida por José Gomes Mesquita, em hora de S. José, que é hoje património da paróquia.
Quando foi edificada, introduziu-se na povoação uma tradição que, deste tempos remotos, já era praticamente numa aldeia vizinha, situada a nascente do rio Cértima, junto à chamada Ponte Nova ou Ponte Morógos, que foi constituída em 1887 e agora reconstruída em 2001 pelas Câmaras de Anadia e Mealhada, na área da actual freguesia de Tamengos e antes pertencente ao Couto de Aguim, que era Vila Franca e que se extinguiu com a morte do último morador, por volta de 1930, e que, no censo populacional de 1878, ainda contava nove fogos. A tradição consistia no seguinte: A povoação ainda possui junto de cada um dos seus dois chafarizes um cruzeiro de origem incerta, que limitam o circuito das procissões no dia da comunhão solene das crianças da paróquia, enquanto que nas restantes festas as procissões vão do extremo poente a nascente da povoação.
Nas restantes povoações da paróquia existiam ou ainda existem outras ermidas dignas de referência.
Assim, a primeira capela do lugar de Arinhos, em honra de S. Martinho, Bispo, foi construída no ano de 1064 e tinha no seu terreiro um freixo que havia sido plantado no reinado de D. Afonso Henriques. Porém, o terrível ciclone de 1941 derrubou o velho freixo e a capela junto da qual se encontrava implantado. Esta só foi reedificada em 1963 e, pouco tempo depois de tal evento, nasciam espontaneamente (alguns metros mais adiante) 2 novos freixos (carinhosamente regados e protegidos pelo Sacristão com regularidade aquando da missa semanal), tendo os moradores da povoação logo atribuído a um “milagre” do S. Martinho, agradecido pela reedificação da sua velha moradia. Apesar da tentativa do Sacristão em mudar um deles para o lado de lá da escada (não autorizado pelo presidente da junta na altura), ficando estes dois freixos no mesmo sítio onde nasceram e que actualmente dão sombra benéfica e santificada àquele local.
Na Póvoa do Garção é referenciada a existência da sua capela de Santa Luzia em documento de 1758 como sendo a única da paróquia a que acorriam pessoas em romaria, que ainda hoje se mantém no Domingo seguinte ao dia 13 de Dezembro de cada ano. Além desta capela existem naquela povoação mais duas: uma, em honra do Senhor dos Aflitos e a outra em culto à Senhora da Memória, ambas património de particulares e construídas nos finais do séc. XIX.
No mesmo documento de 1758 é também referenciada a existência de uma capela em Barregão, em hora de Nossa Senhora da Expectação, que ainda hoje se mantém em bom estado de conservação.
Na Antes existia, aquando da romanização (1064), uma igreja em honra de S. Félix que, com o tempo, se desmoronou e, a partir do séc. XVIII, passou naquela povoação a ser invocado o S. Pedro, em honra do qual foi construída uma capela, que foi mudada pelo povo, em 1927, para o local onde ainda hoje se encontra com dimensão muito superior à anteriormente existente.

Párocos que passaram pela Paróquia de Ventosa do Bairro (a partir da década de 30)

Padre Dr. Breda
Padre Navega
Padre Eduardo Silva
Padre Ferreira Dias
Padre Manuel Almeida
Padre Loureiro
Padre Manuel (Pocariça)
Padre Gil
Padre João Carriço
Padre Abílio
Padre Virgílio
Padre Pinho
Padre Alfredo Dionísio
Padre Pedro (Coimbra)
Padre Filipe
Padre Manuel (Chorosa)
Padre José Manuel
Padre Samelo
Padre Vidal
Padre Rodolfo

Sacristão: Sr. Amado

Mealhada, um pouco de história…

Antes, um pouco de história…