Lendas

Lendas e curiosidades...

Pedrulhas de S. Martinho

Reza mesmo a tradição, vertida para um manuscrito setecentista, que, no local hoje designado por “Pedrulhas de S. Martinho”, existiu uma cidade ou grande povoação com o mesmo nome, na altura da romanização ou nos períodos visigótico ou muçulmano, que se lhe seguiram.

Pedra da sesta

Todos os anos no dia 19 de Março, que é a data em que ainda hoje é festejado o S. José, na aldeia os trabalhadores rurais juntavam-se em volta do terreiro da capela, onde jazia enterrada uma grande pedra, ainda hoje escondida nas traseiras do lado nascente da ermida, designada por “pedra da sesta”. Ali exumavam a pedra, com grande esforço, compensado pela ingestão de intermitentes goladas de vinho tinto da região, numa cerimónia alegre que designavam por “desenterrar a sesta”. A partir dessa altura, começava a sesta, ou seja, os trabalhadores passavam a ter direito a duas horas de descanso à hora do almoço (então designado por “jantar”), quando, até aí, era apenas de uma hora, enquanto que a sesta para os lugares vizinhos apenas começava uma semana depois. No dia 8 de Setembro seguinte, dia em que acabava a sesta – ou seja a partir daí até 19 de Março seguinte, os trabalhadores passavam a ter apenas direito a uma hora de descanso – eram os patrões que se encarregavam de enterrar novamente a pedra, por serem eles os beneficiados, repetindo-se todos os anos a tradição, que deixou de ser praticada há cerca de cinquenta anos.

Chanfana

Conta-se que a chanfana foi descoberta quando os franceses atacaram o Buçaco. Segundo a história, quando os franceses invadiram Portugal, os portugueses envenenaram a água das fontes e destruíram ou esconderam a comida.
Os franceses cansados e cheios de fome encontraram uma cabra que mataram com um só tiro. Como as fontes estavam envenenadas, não tinham água para cozinhar a cabra e por isso cozinharam a carne com vinho que encontraram numa casa abandonada.
Desde esses tempos as pessoas da região começaram a cozinhar a chanfana em dias festivos.

Lenda do Sume

Diz-se que a Lagoa do Sume tem origem num rio subterrâneo que por ali passa. Alguns dos naturais da Antes mais antigos, noutros tempos, tentaram descobrir por que os poços junto ao Sume tinham água e outros mesmo ao lado não davam água nenhuma, inclusivamente a água de lhes punham desaparecia imediatamente.
Num local da lagoa, o olheiro, chegaram a enfiar varas para ver até onde iria, e a vara era jogada para fora pela pressão que vinha de dentro da terra.
No alto da Lagoela, no Sabarrô, na fronteira entre a Antes e Ventosa, dizem os mais antigos, que existiram uns buracos, e que inclusivamente alguns mais destemidos, amarrados por cordas ali entraram tendo encontrado câmaras subterrâneas, e inclusivamente que lá dentro passaria um rio.
Também há quem diga que por baixo da capela de S. Pedro existiria um rio. Não será esse mesmo rio que alimenta o Sume?!

Lenda da origem do nome de Antes

Segundo a tradição o nome do lugar é explicado da seguinte forma: quando Alfora (antiga “villa Alfavara”) deixou de existir, pois o local onde estava localizada era terreno “agreste” de barro e muitas pedras, os seus habitantes ficaram na dúvida sobre a localização da nova povoação. Enquanto uns defendiam a sua construção antes de Alfora, outros eram de opinião que a localização deveria ser depois. Após alguma discussão foi decidido que seria antes, e talvez, daí o topónimo Antes.
Numa outra versão diz-se que há muitos anos, andando uma princesa moura à procura de local para mandar construir o seu palácio, ao passar por uns caminhos onde hoje se situa a casa da família Navega (Dr. Artur Navega) terá exclamado, ao verificar a beleza do local: “Antes Aqui!”.

Lenda da Maria Rinchoa

A Maria Rinchoa era uma figura centáurica, metade mulher, metade mula ou égua que habitava numa caverna que se situava em Alfora, antiga Alfavara, na fronteira entre a freguesia de Antes e Sepins. Conta a lenda que se deslocava entre a sua caverna e Coimbra tão depressa que o tempo que demorava na sua deslocação para comprar carne naquela cidade era apenas o necessário para cozer os feijões para a refeição.

Lenda dos santos

Quando as terras que ficam ao fundo do Beco dos Santos começaram a ser cultivadas, os seus proprietários ao cavarem começaram a encontrar ossadas e santos normalmente utilizados em cemitérios.
Desconhece-se a época em que esse cemitério existiu, por isso fazendo parte do capítulo das lendas.
Não deixaremos no entanto de referir que o Cemitério Antigo da Antes foi construído em 1925, e que antes disso as pessoas que aqui faleciam eram sepultadas no cemitério de Ventosa do Bairro, de que a Antes fazia e faz parte religiosamente.

Lenda sobre a origem do nome Cértoma (rio)

Cértoma (rio)

Dizem que o facto seguinte deu origem ao seu nome:

Passando por elle a rainha Santa Isabel, e querendo beber, lhe disseram que o não fizesse, que era agua de péssima qualidade, tanto para a gente, como para o gado que d’ella bebia. A Santa provou, e disse – «Cérto má!» – e ficou-lhe o nome: mas desde então por diante ficou sendo esta agua d’optima qualidade.

 

Fonte Biblio: PINHO LEAL, Augusto Soares d’Azevedo Barbosa de
Portugal Antigo e Moderno Lisboa, Livraria Editora Tavares Cardoso & Irmão, 2006 [1873], p.tomo II, p. 253

www.lendarium.org/narrative/certoma/?tag=130 , visitado em 14-10-2019

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CERTOMA. Cértoma. Rio na Provincia da Beira, Bispado de Coimbra. Dizem, que passando por aqui a Rainha S. Isabel, e querendo beber da sua água, lhe aconselharam tal não fizesse, por ser de tão má qualidade, que não só à gente, mas até aos animais era danosa; provou-a a Santa, e disse: Certo má, donde tomou o nome de Cértoma, e dali em diante ficou de tão singular bondade, que se manifesta até nos gados que a bebem, porque a carne destes é sem comparação mais saborosa, que das outras. Nasce no Couto da Vacariça, junto ao Convento de Bussaco, daqui vai buscando o Ocidente, levando consigo vários regatos, e ribeiras, com os quais de Inverno engrossa a sua corrente de maneira, que sobem por ele barcos: morre no rio Agadão, no sítio do Requeixo. Cria peixe miúdo em abundância, cuja pescaria é livre a todos, e em todo o tempo. É cortado em açudes, que fazem para dar água aos moinhos, que há em toda a sua corrente.

 

“Dicionário Geográfico ou Notícia Histórica de Todas as Cidades, Villas, Lugares, e Aldeas, Rios, Ribeiras, e Serras dos Reynos de Portugal,… À saudosa memória, e eterna saudade do Senhor Rey D. João V.” – Lisboa, na Regia Oficina SYLVIANA, e da Academia Real, M. DCC. LI.

 

Informação sobre o Rio Cértoma gentilmente cedida por Pedro Mota

Se conhecer alguma lenda de qualquer um dos lugares da União de Freguesias, faça chegar essa informação junto de qualquer elemento do Executivo, pessoal Administrativo (directamente na sede ou nos edifícios da Junta em Ventosa do Bairro ou Antes), ou através do formulário existente na página Contactos.